
Novas abordagens e desafios no tratamento das dificuldades alimentares são debatidos no XIII Workshop de Dificuldades Alimentares
20 —O Instituto Pensi promoveu, no dia 20 de outubro, o XIII Workshop de Dificuldades Alimentares do Cenda (Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares), evento que reuniu profissionais de diversas áreas da saúde para debater avanços, desafios e perspectivas no cuidado de crianças com dificuldades alimentares.
Realizado no Auditório João Calvino, o encontro contou com especialistas do Pensi e convidados externos, que apresentaram casos clínicos, atualizações científicas e reflexões sobre práticas assistenciais.
Ao longo da programação, os participantes tiveram acesso a conferências e discussões multidisciplinares que abordaram desde os impactos do neurodesenvolvimento no comportamento alimentar até estratégias terapêuticas baseadas em evidências.
Panorama inicial sobre os desafios contemporâneos da alimentação infantil
A programação teve início com a conferência “A alimentação através dos tempos”, ministrada pelo pediatra, nutrólogo e coordenador do Cenda, Mauro Fisberg, que apresentou um panorama sobre a história da alimentação infantil ao longo das gerações, evidenciando como práticas, crenças e padrões culturais evoluíram e influenciam diretamente o comportamento alimentar das crianças na atualidade.
O especialista destacou ainda os impactos dessas transformações nas rotinas familiares e a importância de compreender esse percurso histórico para aprimorar as estratégias de cuidado no cenário contemporâneo.
Condições do neurodesenvolvimento e seu impacto na alimentação
A primeira rodada de apresentações, moderadas pela nutricionista Luana Romão e por Mauro Fisberg, reuniu especialistas para discutir como diferentes quadros do neurodesenvolvimento influenciam o comportamento alimentar infantil.
A psicóloga Gabriela Malzyner abriu o bloco com reflexões sobre os impactos de TDAH e TOD na rotina alimentar familiar, abordando impulsividade, oposição, dificuldades de regulação e como esses fatores podem intensificar recusas e conflitos durante as refeições.
Em seguida, a neurologista Marcilia Martyn analisou as particularidades alimentares associadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), destacando seletividade sensorial, rigidez comportamental e aversões relacionadas a textura, temperatura e aparência dos alimentos.
Na sequência, a psiquiatra Sophia Campos apresentou uma discussão sobre as controvérsias diagnósticas envolvendo TARE/ARFID, reforçando a importância de avaliações detalhadas que considerem fatores emocionais, sensoriais e comportamentais.
Sophia Campos, Marcilia Martyn, Mauro Fisberg, Gabriela Malzyner e Luana Romão
Atualizações terapêuticas e revisão das principais abordagens clínicas
A miniconferência, conduzida por nutricionista Priscila Maximino, apresentou uma revisão das abordagens terapêuticas utilizadas atualmente no manejo de dificuldades alimentares. Entre os métodos discutidos estavam Food Chaining, SOS Approach, intervenções sensoriais integradas e adaptações da Terapia Cognitivo-Comportamental utilizadas em casos de TARE/ARFID.
A palestrante também apresentou evidências recentes de estudos clínicos, reforçando a importância da orientação parental, do manejo comportamental e da articulação entre diferentes especialidades para promover avanços consistentes no tratamento.
Priscila Maximino palestrando no XIII Workshop de Dificuldades Alimentares
Estudo de caso evidencia complementaridade das áreas da saúde
A última parte do encontro trouxe uma análise interdisciplinar de casos clínicos, destacando a importância da atuação conjunta entre pediatria, fonoaudiologia e nutrição.
A pediatra Michelli Rodrigues apresentou o histórico clínico do paciente, dados de crescimento e a exclusão de causas orgânicas, ressaltando a necessidade de uma investigação abrangente antes de definir uma abordagem terapêutica.
A fonoaudióloga Karina Rizzardo discutiu sinais de sofrimento durante a alimentação, dificuldades motoras orais e possíveis quadros de disfagia, explicando como esses fatores influenciam diretamente a recusa alimentar.
Encerrando o bloco, a nutricionista Raquel Ricci detalhou as estratégias de dietoterapia utilizadas, incluindo ajustes na rotina alimentar, introdução progressiva de novos alimentos e ferramentas práticas para apoiar a família na construção de um ambiente alimentar mais seguro e previsível.
Mauro Fisberg, Raquel Ricci, Priscila Maximino, Michelli Rodrigues, Karina Rizzardo
Evento reforça o papel da abordagem multidisciplinar
Ao final, o Workshop reafirmou o compromisso do Cenda e do Instituto Pensi em ampliar o conhecimento sobre dificuldades alimentares e fortalecer práticas baseadas em evidências. As discussões demonstraram que o cuidado à criança com dificuldades alimentares exige integração entre diversas especialidades, além de uma escuta qualificada e acolhedora às famílias.
